Nós sonhamos em crescer, mas nem todos acordam antes de tomar as decisões concernentes a tal intento, pois tudo o que cresce tem vida e a vida tem fim no plano em que estamos, inclusive as empresas.
As fases do ciclo de vida que atribuímos aos produtos (introdução, crescimento, maturidade e declínio) são aplicáveis às empresas também e para elas existem limitadores de todas as ordens, inclusive financeira. Você já ouviu falar em taxa de crescimento interno? E em taxa de crescimento sustentável?
Se não ouviu, abra bem os olhos agora, porque elas são de extrema importância para a sobrevivência empresarial (aquela que é ameaçada principalmente pela falta de dimensionamento do capital de giro permanente necessário à sustentabilidade da empresa, segundo pesquisa do SEBRAE).
A taxa de crescimento interno é aquela que indica o quanto a empresa poderá crescer no faturamento do ano seguinte, a partir da utilização de recursos já existentes na empresa, como os lucros acumulados dos exercícios anteriores. Se ela indicar que sua empresa só poderá crescer 5% é porque seus recursos atuais não permitem um crescimento maior do que esse, caso não haja a entrada de recursos de terceiros ou aporte de capital dos sócios.
Já a taxa de crescimento sustentável é aquela que indica o quanto a empresa poderá crescer no ano seguinte, a partir da ingestão de recursos externos (de sócios e de terceiros) e da manutenção do mesmo grau de endividamento atual (se a empresa hoje deve 80% do que possui, mesmo com a entrada de recursos novos, continuará devendo o mesmo percentual – daí a palavra sustentabilidade).
O problema é que alguns dirigentes empresariais, sem saber da existência desses limitadores, ampliam a empresa sem planejar adequadamente as fontes de recursos para o investimento necessário (tecnologia, capital de giro, obras civis, móveis e utensílios, pesquisas, dentre outros). Eu mesmo conheci uma empresa que faliu porque vendeu demais, ou seja, cresceu muito mais do que a taxa de crescimento sustentável indicava.
Ela realizou vendas novas na ordem de 50% do faturamento do exercício anterior, quando a taxa de crescimento interno indicava 5% de possibilidade de elevação nas vendas. Sabe o que aconteceu? O dinheiro que a empresa tinha era insuficiente para bancar os investimentos necessários para suportar o volume de vendas adicional. Os empresários não conseguiram o financiamento adequado (porque não pararam para planejar) e aceitaram empréstimos com taxas superiores a 100% ao ano.
Você conhece algum negócio que renda tanto assim? Aquele em que você investe R$ 100 mil e no final de doze meses tem um lucro de R$ 100 mil? (Estou falando de uma atividade econômica legal).
Resultado: a empresa cresceu, vendeu os 50% a mais, o cliente ficou satisfeito com a compra realizada, os funcionários comemoraram a comissão sobre as vendas, as festas foram muitas. Aí, uns meses depois, chegou a hora de pagar o empréstimo com juros superiores a 100% ao ano. Sabem o que aconteceu? O dinheiro não deu para pagar e a empresa teve que fechar suas portas para pagar as contas. Todo mundo ficou satisfeito, não foi?
A lição de hoje é bem simples: antes de enfrentar o crescimento, avalie os riscos da decisão a ser tomada, planeje os investimentos, avalie o retorno esperado e, somente depois disso, contrate um financiamento adequado à situação. Aquele que lhe dê carência, prazo elastecido de pagamento e taxa de juros baixa.
Porém, se você não sabe fazer isso, contrate um profissional da área e durma tranquilo. Eles nem cobram tão caro assim, não é mesmo?